Conforme manifestei no último texto, a fórmula aplicada na avaliação dos treinadores, “Vitória” = “bom treinador" e “Derrota” = “treinador incompetente”, tem tanto de superficial quanto de insuficiente e mesmo injusta.
Todos nós já assistimos a pais, dirigentes, presidentes, sócios, entre muitos outros “apaixonados” pelo desporto que nunca na sua vida foram desportistas, avaliarem o trabalho de determinado treinador somente pelos resultados que este consegue alcançar ao fim-de-semana, sem fazerem, grande parte das vezes, um esforço para compreenderem a realidade do “clube” ou do “plantel” em causa….
Mas menos, vamos lá … deontologicamente correcto, é assistirmos a igual comportamento por parte de treinadores “candidatos” ao cargo… ou, mais grave ainda, é quando vemos atitudes deste género vindas de jogadores do plantel em causa…. também eles “candidatos” ao cargo….
Mas que mundo este do desporto….Isto de ser treinador, por vezes, é de loucos…. Mas em que meio estranho, por vezes, nos movemos….
A meu ver, a avaliação, de quem quer que seja e do que quer que faça, é um momento importantíssimo e fundamental para o desenrolar de todo e qualquer processo. Sendo assim, defendo que este mecanismo deve ser o mais rigoroso e imparcial possível e realizado da forma mais correcta possível.
Com o intuito de facilitar e elucidar algumas questões relacionadas com o processo de avaliação de um treinador, vejamos o que diz Jorge Castelo (penso que não precisa de apresentações), sobre a avaliação da competência de um treinador, na sua obra “ O exercício de treino desportivo...” nas páginas 42 e 43.
Começando por esclarecer que esta é uma “tarefa extremamente complexa”, Jorge Castelo aponta duas questões fundamentais que devem ser tidas em conta numa possível avaliação:
Primeira:
“Na direcção correcta do processo de treino orientado pelo respeito dos valores humanos, éticos, sociais, culturais e científicos através:
a- de um conhecimento técnico especializado;
b- de uma intervenção pedagógica formativa e educativa;
c- de uma racionalização das atitudes e dos comportamentos dos praticantes por forma a levá-los à superação sem ofender os valores éticos desportivos;
d- de uma execução atempada das tarefas inerentes à organização do treino e da competição (planeamento, periodização, sessão de treino, exercícios, etc.).”
Segunda:
“Pelo resultado desportivo atingido pelo seu praticante ou pela sua equipa.”
A meu ver, toda a avaliação que seja realizada tendo em conta estes dois tipos de questões, será o mais equilibrada e o mais justa possível, quer para o “avaliador” quer para o “avaliado”. E será a mais justa, porque tem em conta grande parte das obrigações da função de treinador.
A segunda questão, a dos resultados, será sempre uma questão polémica, como facilmente constatamos no dia-a-dia.
Mas sobre esta matéria, Jorge Castelo afirma que:
No caso dos treinadores de jovens, sou da opinião que o essencial deve relacionar-se com a primeira questão, e todos os seus aspectos, e nem tanto com a segunda. Contudo, não pode ser menosprezada a sua importância.
Defendo, que aspectos relacionados com o tipo de relação e de intervenção estabelecidos com os jovens atletas; os valores transmitidos; respeito pelas questões pedagógico-didácticas e a realização de um conjunto de outras tarefas organizativas e de planificação do trabalho deverão ser um factor de peso na avaliação do trabalho de um treinador de Jovens.
Essa é a minha forma de ver e estar no treino com Jovens, logo seria a fórmula que aplicaria na avaliação do trabalho de um treinador de escalões de Formação.
1 comentário:
O processo de formação é contínuo, pelo que as mesmas premissas podem e devem ser aplicadas para além da formação. Ao olharmos para a formação, na fase de especialização esta também acontece, com todos os agentes envolvidos neste processo, passando este assunto pela quantidade da qualidade daquilo que se aprende e, posteriormente, se aplica.
Abraço a todos.
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