20 de janeiro de 2007

Competência do treinador… Avaliação!

Conforme manifestei no último texto, a fórmula aplicada na avaliação dos treinadores, “Vitória” = “bom treinador" e “Derrota” = “treinador incompetente”, tem tanto de superficial quanto de insuficiente e mesmo injusta.

Todos nós já assistimos a pais, dirigentes, presidentes, sócios, entre muitos outros “apaixonados” pelo desporto que nunca na sua vida foram desportistas, avaliarem o trabalho de determinado treinador somente pelos resultados que este consegue alcançar ao fim-de-semana, sem fazerem, grande parte das vezes, um esforço para compreenderem a realidade do “clube” ou do “plantel” em causa….

Mas menos, vamos lá … deontologicamente correcto, é assistirmos a igual comportamento por parte de treinadores “candidatos” ao cargo… ou, mais grave ainda, é quando vemos atitudes deste género vindas de jogadores do plantel em causa…. também eles “candidatos” ao cargo….

Mas que mundo este do desporto….Isto de ser treinador, por vezes, é de loucos…. Mas em que meio estranho, por vezes, nos movemos….

A meu ver, a avaliação, de quem quer que seja e do que quer que faça, é um momento importantíssimo e fundamental para o desenrolar de todo e qualquer processo. Sendo assim, defendo que este mecanismo deve ser o mais rigoroso e imparcial possível e realizado da forma mais correcta possível.

Com o intuito de facilitar e elucidar algumas questões relacionadas com o processo de avaliação de um treinador, vejamos o que diz Jorge Castelo (penso que não precisa de apresentações), sobre a avaliação da competência de um treinador, na sua obra “ O exercício de treino desportivo...” nas páginas 42 e 43.
Começando por esclarecer que esta é uma “tarefa extremamente complexa”, Jorge Castelo aponta duas questões fundamentais que devem ser tidas em conta numa possível avaliação:

Primeira:
“Na direcção correcta do processo de treino orientado pelo respeito dos valores humanos, éticos, sociais, culturais e científicos através:
a- de um conhecimento técnico especializado;
b- de uma intervenção pedagógica formativa e educativa;
c- de uma racionalização das atitudes e dos comportamentos dos praticantes por forma a levá-los à superação sem ofender os valores éticos desportivos;
d- de uma execução atempada das tarefas inerentes à organização do treino e da competição (planeamento, periodização, sessão de treino, exercícios, etc.).”

Segunda:
“Pelo resultado desportivo atingido pelo seu praticante ou pela sua equipa.”

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(Imagem retirada de: "A comunicação do Treinador com os pais dos Atletas." Pág. 11, edição SED-CEFD, 2000)

A meu ver, toda a avaliação que seja realizada tendo em conta estes dois tipos de questões, será o mais equilibrada e o mais justa possível, quer para o “avaliador” quer para o “avaliado”. E será a mais justa, porque tem em conta grande parte das obrigações da função de treinador.

A segunda questão, a dos resultados, será sempre uma questão polémica, como facilmente constatamos no dia-a-dia.
Mas sobre esta matéria, Jorge Castelo afirma que:
“ embora esta avaliação seja frequentemente influenciada por aspectos que escapam ao controlo do treinador (…) também é verdade que a paternidade dos maus resultados desportivos não podem ser somente baseados no azar, no árbitro, na bola que bate no poste, etc. Os maus resultados desportivos têm sempre uma raiz aleatória ou concreta que pode passar pelo deficiente conhecimento da modalidade desportiva, de como os praticantes aprendem, aperfeiçoam e se desenvolvem e, que meio fundamentais, isto é, os exercícios de treino se devem utilizar para atingir os objectivos delineados” (página 43).


No caso dos treinadores de jovens, sou da opinião que o essencial deve relacionar-se com a primeira questão, e todos os seus aspectos, e nem tanto com a segunda. Contudo, não pode ser menosprezada a sua importância.

Defendo, que aspectos relacionados com o tipo de relação e de intervenção estabelecidos com os jovens atletas; os valores transmitidos; respeito pelas questões pedagógico-didácticas e a realização de um conjunto de outras tarefas organizativas e de planificação do trabalho deverão ser um factor de peso na avaliação do trabalho de um treinador de Jovens.

Essa é a minha forma de ver e estar no treino com Jovens, logo seria a fórmula que aplicaria na avaliação do trabalho de um treinador de escalões de Formação.
E a vossa qual seria?

1 comentário:

Anónimo disse...

O processo de formação é contínuo, pelo que as mesmas premissas podem e devem ser aplicadas para além da formação. Ao olharmos para a formação, na fase de especialização esta também acontece, com todos os agentes envolvidos neste processo, passando este assunto pela quantidade da qualidade daquilo que se aprende e, posteriormente, se aplica.

Abraço a todos.