30 de setembro de 2006

Sobre a Recuperação

A recuperação física, ou se quisermos fisiológica, de um atleta, apresenta-se a todo o treinador como uma preocupação constante no processo de treino. O processo de restabelecimento muscular é um tema bastante abrangente e sempre actual.

A importância deste fenómeno para o processo de treino ganha diferentes contornos conforme se trate de atletas infanto-juvenis ou de adultos. E, dentro deste último grupo, o mesmo fenómeno tem de ser encarado sobre pontos de vista diversificados, conforme o tipo de competições/treino em que as equipas participam.

Ainda que nem sempre o consenso seja possível no que toca algumas “nuances” do tema, há alguns pontos em que a discussão tem de ceder lugar a práticas generalizadas.

Partindo do princípio que a recuperação começa no próprio treino, analisemos o fenómeno sob o prisma de duas situações de treino muito características.

Primeira situação:
Após uma fase de intenso trabalho físico (qualquer que seja), há a tendência dos miúdos/graúdos para se sentarem, ou para se colocarem numa posição de pernas flectidas (agachados), e os mais arrojados, aspiram mesmo a deitarem-se. Estes comportamentos tendem a evidenciar-se de forma linear com o aumento do grau de exigência física do exercício que se realiza.

Qual o beneficio destas “posições”?

Bom, quanto à última “posição” a mesma deverá ser evitada, por um conjunto de factores, dos quais se destaca o choque térmico das costas/corpo com o solo. Quanto às restantes, e dado que o corpo se encontra “flectido” e “parado”, esta posição vai dificultar o retorno venoso do sangue, e com a “demora” deste processo a remoção dos produtos “tóxicos” produzidos com o trabalho muscular não será a mais eficaz e, assim sendo, aquando do reinicio do exercício as condições “musculares” não estarão em níveis aceitáveis de trabalho.

Segunda situação:
Para evitar as situações atrás descritas, é prática de alguns treinadores dizerem aos seus atletas que, durante esta fase de recuperação, andem – o que é benéfico. Menos benéfico é quando pedem para associarem a “rotação de braços” enquanto inspiram e expiram.

Qual o benefício destas “rotações”?

Se o pretendido é a recuperação dos membros inferiores, o trabalho muscular de recuperação deverá incidir sobre estes grupos musculares. Ou seja, a activação muscular deve ser realizada pelos membros inferiores.
Ao realizarem rotações de braços, os atletas estão, por um lado, a aumentar o trabalho cardiovascular, o que em nada contribui para a recuperação, e, por outro lado, a “deslocar” o sangue para uma parte do corpo contrária à pretendida, atrasando desta forma a recuperação dos grupos musculares essenciais ao trabalho que estão a desenvolver.
Nota final:

Para que a recuperação física seja o mais completa possível, não chega “dar folga no dia seguinte ao jogo”, é necessário que a mesma seja realizada no terreno, em situação concreta de treino, e deverá merecer tanto ou mais cuidado na sua planificação que a própria carga de treino.
Quanto mais exigente for o quadro competitivo, mais ponderada e cuidada deverá ser a recuperação dos atletas.

Recuperar também é treinar....
Recuperar bem é treinar melhor.

3 comentários:

lee disse...

Gostei muito desa postagem. simples, acessivel e muito didatica. houve coisas que para mim foram novidade. gosto destas postagens que nos ensinam mais um bocadinho para o dia a dia. beijinhos e continuação de boas escritas

Anónimo disse...

Amigo Patinado, exemplar espero que me permita que retire daqui alguns apontamentos para poder aplicar.
Sinceramente, assim vale a pena visitar blogs.
obrigado.

Ernani Batista

lee disse...

ja dei por mim no final do exercicio a pensar neste blog e a não me permitir fazer asneiras. brigada pelas dicas