POLITICAS...

“...no documento que se encontra em discussão

sobre o Estatuto da Carreira dos Professores

surge um ponto onde se afirma ser totalmente vedado

a possibilidade dos professores em exercício nas escolas

desempenharem outras funções fora da escola.”

Na semana passada, dia 4 de Julho, no jornal “A Bola”, na sua coluna de opinião intitulada “Como será?”, Vasconcelos Raposo opinou sobre a proposta do Governo para alteração do Estatuto da Carreira Docente.
Dado ser um texto deveras importante, e com o qual comungo na integra, vou transcrevê-lo na totalidade, de forma a poder ser lido pelo maior número de pessoas possível.
Espero que o autor não se sinta ofendido por este meu atrevimento. Este é apenas mais um texto da sua autoria que me faz “ver” a profundidade na “questão do Desporto”...



"Ao longo dos anos foi evidente o sistemático abandono por parte dos sucessivos Governos nas questões que envolviam a formação de treinadores em Portugal. Não existe, até ao momento, nem ninguém sabe quando surgirá, a regulamentação da formação dos agentes desportivos. É uma lacuna grave.

Para lá da escassa formação organizada pelas Federações tem cabido às Faculdades de Educação Física e Desporto a formação de muitos treinadores que exercem uma importante função de ensino e treino junto das nossas crianças e dos jovens. São milhares as equipas orientadas por estes treinadores.

Acontece que no documento que se encontra em discussão sobre o Estatuto da Carreira dos Professores surge um ponto onde se afirma ser totalmente vedado a possibilidade dos professores em exercício nas escolas desempenharem outras funções fora da escola.

Isto significa deixarem de poder continuar a orientar a formação desportiva ou a preparação desportiva das equipas que disputam os campeonatos nacionais, ou mesmo as selecções nacionais, ou outras funções na área do desporto federado.

A proposta defende o princípio de que os professores são automaticamente considerados em dedicação exclusiva.

A verdade é que estamos perante uma posição que certamente terá de ser bem reflectida, porquanto a sua aplicação irá significar um grande retrocesso no desenvolvimento desportivo em Portugal.

É na prática uma medida que passa de oito para oitenta e que urge ser discutida no sentido de serem encontradas alternativas que não comprometam o bom funcionamento da escola e de todos os clubes que viriam a ser seriamente prejudicados já que a falta de treinadores com formação possuidora de credibilidade é óbvia.

Os membros do Governo, para as coisas do desporto, terão de analisar este tema, não podendo ficar indiferentes ao que aconteceria no futuro da sua área de intervenção se este ponto se vier a manter tal e qual como está proposto.

Aliás, bem vistas as coisas, estamos perante uma contradição entre o discurso do IDP sobre a situação dos técnicos ao serviço das Federações e muito do que se lê nesta proposta do mesmo Governo.

São outras realidades que não podem ser esquecidas, pois muitos dos especialistas nas diferentes modalidades serão simplesmente impedidos de aplicar o seu saber. Como será então o enquadramento técnico das nossas equipas?"

Como será?, Vasconcelos Raposo, Coluna de Opinião in: Abola, 4 Julho de 2006.