18 de abril de 2006

Carta ao ex-treinador - O Final

Conclusão da carta ao ex-treinador
"... agora que tenho pena de não ter conseguido vingar no futebol. Teria gostado bastante. Até era capaz de ter ajudado a equipa.
Mas, por sua causa, fiquei contra a modalidade, mesmo sem nunca ter conseguido entrar verdadeiramente nela. Um pouco mais de treino e um pouco mais de encorajamento e quem sabe o que eu seria capaz de fazer? Sinto um grande desgosto de nunca poder responder a esta pergunta!
Sei que o senhor continua a treinar. Quantos praticantes como eu, com algumas potencialidades, mas atrasados um ou dois anos face aos restantes em termos de maturidade biológica, o senhor vai este ano desencorajar? Quantos deles irão ser, tal como eu, motivo para algumas das suas piadas?
Tenho muita pena! O senhor está numa posição em que pode fazer bem a muitos jovens. Porém, tenho dúvidas que o consiga vir a fazer. Nunca vai perder uma oportunidade que seja para mostrar quanto é uma pessoa importante, que é capaz de gritar com todos para tentar impor respeito, pensando que ensinar é apenas isso.
Hoje, tenho a certeza que está profundamente errado."

(Larry Brooks, em Scholastic Coach, Janeiro de 1976, New york . in: Treino de Jovens. o que todos precisam de saber! CEFD, 1999, pág. 45)
Para já a carta fica para fazerem uma analise cuidada à mesma, e mais tarde, mais para a frente, voltarei a ela afim de comentar alguns aspectos que são muito sensíveis no treino de Jovens.

5 comentários:

Anónimo disse...

Parece-me que esta é uma carta de ressentimento, principalmente, de ajuste de contas. Não me parece que tenha sido o treinador a causa da perda de um grande jogador, apesar da sua atitude não ter sido a correcta.
AL

Francisco Mendes disse...

AL..
Evidentemente que esta é uma carta especial, não a quero ver como se de um ajuste de contas se trate. Mas pode ser, realmente. A meu ver este testemunho serve essencialmente para nós, Treinadores/Monitores, meditarmos o mais possível sobre a nossa forma de estar e conceber o treino de Jovens. Meditar de forma mais cuidada no que diz respeito à Seleccção e especialmente quando a fazemos antes da puberdade. Altura esta em que os mais "adiantados" estão revestidos de mais capacidades que os "mais atrasados", mas que com o tempo as "coisas" equilibram-se. Mas, independemente das capacidades dos nossos Jovens atletas, teremos de procurar que os mesmos se mantenham em "movimento" pelo maior intervalo de tempo possível.
Por fim, acho que é estando disperto para estes fenómenos que podemos evitar algumas situações menos benéficas e as quais, muitas vezes, nos podem passar despercebidas.
A ideia de colocar a carta foi essa. Temos a mesma opinião "a atitude não foi a correcta"
Abraço.

Anónimo disse...

É esse o meu ponto de vista, até porque a carta já não é propriamente actual, e sei como um "educador" podia desmotivar um jovem. Contudo, ao contrário das orientações educacionais mais recentes,sou de opinião que devemos desdramatizar, o mais possível, as "fraquezas" dos pequenos. Essa é a melhor forma deles as ultrapassarem. Dito de outra forma, não devemos "pôr paninhos quentes" nas asneiras dos meninos, devemos ter tacto sufuciente para lhes fazer ver que se devem conseguir superar a si mesmos.
AL

Anónimo disse...

Nao sei quem e o Al mas por acaso gostei do ponto de vista. era isso mesmo que eu te queria fazer notar Mane! mas so em relaçao aqueles formadores que fazem as selecçoes nos clubes formadores.. ou seja nas escolas, e os professores tem que ter uma abordagem mais pedagogica,, com panos quentes:) para os motivar, mas depois disso tem que ser os melhores sem panos quentes... embora admita que se percam bons talentos e diamantes:) mesmo assim como pode ser de outra maneira?
ass.Mix

Francisco Mendes disse...

Caro Al
Antes de tudo agradeço os seus pontos de vista, estão a provocar discussões o que é muito benéfico.
Quando afirma que devemos "desdarmatizar as fraquezas dos mais pequenos" eu estou 100% de acordo, da mesma forma quando diz que sabe como um educador pode desmotivar um jovem. Sem dúvida que temos de ser realistas e fazer ver a determinados meninos que têm de se aplicar e empenhar mais, ao mesmo tempo que os situamos em diferentes níveis em relação aos seus colegas, caso contrário perdemos de duas formas: o jovem que não se vai esforçar para superar as suas dificuldades e, por outro lado, os restantes elementos do grupo que vêm o seu "trabalho" não ser valorizado.
Contudo, há várias formas de se actuar nestes casos (que em caso algum são simples nem lineares)e, a meu ver, a de colocar o atleta em segundo plano devido a um possível atraso maturacional não é a mais correcta, e muito mais incorrecta é a de menosprezar o atleta devido ao seu baixo desempenho.
Conforme comentou da primeira vez: a atitude do treinador não foi a correcta.
Abraço.