16 de março de 2006

O que precisam da forma que mais gostam

“O treinador tem de dar aos jovens praticantes aquilo que eles precisam, mas da forma de que eles mais gostam…”

Esta é uma daquelas frases que desde que a ouvimos pela primeira vez, jamais a esquecemos. Não sei quem é o autor, mas sei onde a ouvi pela primeira vez. Foi numa aula de Pedagogia do Desporto, nos primeiros anos da Faculdade. Na altura fiquei muito intrigado com o seu conteúdo e passei dias a pensar na sua ideia base. Passados tempos, voltei a ouvir a mesma frase numa aula de Didáctica de Ginástica, agora pela boca de um outro professor, e uma vez mais, agora de uma forma “mais madura”, a sua ideia base era para mim mais clara.
Temos, nós orientadores da evolução dos nossos Jovens Atletas, de procurar balizar as propostas de trabalho pelos dois princípios sugeridos pela “frase”.

Primeiro -“aquilo me mais precisam”. As sessões de treino, bem como as diversas actividades propostas, só fazem sentido se os conteúdos estiverem adaptados às necessidades (quer elas sejam de carácter condicional, técnico quer mesmos táctico) para a sua evolução. Quer isto dizer que, numa sessão de treino, não deverão, em qualquer que seja o momento ou circunstância, fazer parte actividades só para embelezar o plano de treino ou para ocupar os meninos durante o tempo de uma sessão. Por outro lado, temos de ter cuidado para não exigir aspectos para os quais os atletas ainda não têm fundamentos. Ou seja, todas as actividades propostas deverão estar devidamente fundamentadas e conjugadas com as anteriores e as posteriores, pois só dessa forma o processo será o mais contínuo e evolutivo possível.

Segundo - “forma que mais gostam”. Para cumprir este princípio é necessário que o treino dos mais jovens seja planeado para os mais jovens, e quanto mais jovens mais planeado/cuidado o mesmo deve ser.
Nesta planificação, o treinador deverá ter em conta que um jovem atleta não é um atleta em miniatura. Grande parte das situações ou exercícios que se aplicam nos treinos dos adultos, e com os quais se obtém sucesso, se aplicados nos mais jovens não levam ao mesmo resultado e, por vezes, levam mesmo à desmotivação dos “pequenos atletas”. Assim, o treino de um jovem deverá obrigatoriamente ser diferente do adulto, não só, por exemplo, na distância a que os passes ou remates são realizados, mas também em toda a dinâmica e desenho do exercício proposto.
Posto isto, e para que o segundo princípio seja atingido, torna-se necessário que o treinador trabalhe e “dê asas” a uma característica pessoal fundamental: criatividade. Quero com isto dizer que, o trabalhar a capacidade de criar e de compor situações de treino, é o ponto de partida para que as actividades propostas na sessão de treino se tornem do agrado dos jovens e, como tal, o seu objectivo seja, antes de tudo, atingido e, em segundo, seja atingido de uma forma agradável.


Não nos esqueçamos que obter prazer pelas actividades realizadas é fundamental para que os jovens continuem ligados ao seu desporto preferido.

2 comentários:

Anónimo disse...

Jorge Santos - Madeira

Apenas um breve comentário ao treino e a toda a actividade pedagógica em geral. Pois além do treino a nossa actividade e a pedagógica e nas escolas.
Desta forma, penso eu, que não só no treino, na escola, ou outras actividades externas (actividades recreativas e culturais - através de instituição particulares) toda a nossa actividade deverá ser orientada nesses moldes. não pensando só nos atletas.
Todo a actividade a ser desenvolvida de ser analise de acordo com as suas carateristicas e exugencias, assim como enquadarda com a grupo alvo (aspectos fisiológicas e maturacionais, culturais, sociológicos e até mesmo regiliosos)
A titulo de exemplo,para além das aulas que exerco na escola, tenho o desporto escolar, tenho o clube e com vária competências em vários escalões( escola, infantis, juvenis e seniores), uma associação desportiva e recreativa que apenas desenvolve actividades não federadas e para todo o espectro da faixa etária dessa localudade, uma casa do povo, uma banda municipal,etc.
E em cada uma dessas vertentes o espírito básico e o que referes, contudo existem tantos outros pontos que jamais os devemos esquecer.
De futuro, no meu blog, tentarei colocar informação sobre toda essa actividade e nas diversas vertentes da promoção de actividades.
um abrço e parabens pelo teu trabalho
sempre foste um excelente pedagógo e ... pendsador.

Francisco Mendes disse...

ola Jorge
obrigado por teres deixado cá a tua passagem registada com a tua opinião.
Quando referes que as actividades devrão ser analisadas sob vários prismas, concordo em pleno contigo, contudo e quando falamos de jovens (e não só na escola, no clube também, pois uma clube não é mais que uma "outra"escola para a vida)os principais pontos de partida para toda e qualquer analise deverá ser a Pedagógica e somente depois desta as inumeras que possamos/consigamos/queiramos fazer.
Bom, fico contente por criares um espaço virtual teu, pois desta forma poderemos trocar muitas mais ideias e quem sabe tornar o o discurso mais intenso e profundo no que toca a formação desportiva de jovens, atráves da troca de experiências.
Abraço e bom Trabalho.